À la manière de A. Caeiro
A mão invisível do vento roça por
cima das ervas.
Quando se solta, saltam nos
intervalos do verde
Papoilas rubras, amarelos
malmequeres juntos,
E outras pequenas flores azúis que
se não vêem logo.
Não tenho quem ame, ou vida que
queira, ou morte que roube.
Por mim, como pelas ervas um vento
que só as dobra
Para as deixar voltar àquilo que
foram, passa.
Também por mim um desejo
inutilmente bafeja
As hastes das intenções, as flores
do que imagino,
E tudo volta ao que era sem nada
que acontecesse.
30-1-1921
Poemas de Ricardo Reis.
Fernando Pessoa.
Sem comentários:
Enviar um comentário