O Banco de Sementes A.L. Belo Correia, inaugurado em 2001, é uma infraestrutura de conservação e investigação cujo objetivo principal é a conservação de sementes da flora Portuguesa a longo prazo.
Trata-se do maior e mais antigo banco de sementes de espécies autóctones em Portugal
continental, conservando em março de 2015, 3700 amostras de sementes,
pertencentes a 1130 espécies. Nesta coleção está já representado mais de 1/3 da flora e 57% das espécies protegidas do continente português. Destacam-se
ainda cerca de 220 espécies da região submersa pela barragem de Alqueva e 250
espécies de plantas do Jardim Botânico.
A conservação das espécies ameaçadas é uma prioridade e permite implementar em
Portugal a Estratégia Global para a
Conservação das Plantas.
A coleção constitui assim um seguro contra a
extinção das plantas no seu habitat natural, disponibilizando sementes para a
reabilitação de habitats e a reintrodução de espécies ou reforço das suas
populações. Constitui ainda uma fonte de material de origem e qualidade
controladas para investigação científica.
As sementes são conservadas a
humidade e temperatura baixas. Nestas condições, milhares de sementes de uma só
espécie podem manter-se vivas durante dezenas ou centenas de anos. As sementes acondicionadas em tubos de ensaio |
O Banco de Sementes dando prioridade à conservação de espécies ameaçadas contribuiu assim para o cumprimento, em Portugal, da meta 8 da Estratégia Global para a Conservação das Plantas, sendo este o único banco de sementes português com protocolo de colaboração com o Millennium Seed Bank/RoyalBotanic Gardens-Kew e o único membro nacional do consórcio ENSCONET-The European Native SeedConservation Network, consórcio europeu que reúne 30 bancos de sementes de espécies autóctones.
Em 2014 teve início a colaboração no projecto internacional “Adapting
agriculture to climate change: collecting, protecting and preparing crop wild
relatives”, liderado pelo Global CropDiversity Trust e pelo Millennium
Seed Bank. Em parceria com outros bancos de sementes portugueses, serão
recolhidas sementes de 29 espécies aparentadas de espécies cultivadas (“crop
wild relatives”) em Portugal. Estas sementes serão conservadas em Portugal e no
Millennium Seed Bank e estarão disponíveis para programas de melhoramento e
obtenção de novas cultivares num
cenário de alterações climáticas.
Nota: a designação cultivares significa "variedade cultivada" de uma espécie vegetal. O conceito foi oficialmente adoptado
no XIII Congresso de Horticultura, realizado em Londres (1952), com o objectivo de distinguir as variedades
cultivadas das de ocorrência natural.
A criação do Banco de Sementes da HortaFCUL irá permitir-nos conservar as nossas
sementes e dar-nos-à independência em relação às empresas produtoras de
sementes, permitindo ao projecto HortaFCUL produzir as suas próprias sementes
de qualidade e conservando as sementes
nativas, conhecidas como sementes
crioulas, numa tentativa de aumentar a diversidade e variabilidade das
nossas culturas.
Este banco tem ainda por objectivo colaborar
com Banco de Sementes do Jardim Botânicoda Universidade de Lisboa e
com a Associação Colher para Semear
(da qual a HortaFCUL é sócio guardião), armazenando sementes, de modo a evitar
que certas culturas Portuguesas desapareçam.
O Banco de Sementes HortaFCUL é
ainda uma oportunidade de fazer trocas de sementes com outros bancos e obter
uma maior diversidade de plantas no nosso jardim alimentício.
O Banco de Sementes
dos Açores, criado em 2003, está vocacionado para a conservação de espécies
de flora endémica do arquipélago dos Açores, nomeadamente as mais ameaçadas.
As sementes são acondicionadas em tubos de ensaio com sílica
(absorção de humidade) e guardadas em câmaras de frio (-15ºC).
Tubos de ensaio com sementes |
Sementes de cardo-leiteiro, uma das nossas plantas |
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